Enfodere-se: poemas eróticos de Estela Fiorin

Por Estela Fiorin
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Chegaram os 30.
Idade boa, essa. Tesuda: conheço meu corpo como ninguém, me dou para quem eu quiser. E, se não quiser, faço sozinha mesmo.
Cada curva foi construída com o passar dos anos.
As coxas engrossaram; a bunda sabe levar tapas.
Os peitos, que amamentaram, sentem tanto prazer que me fazem arrepiar.
Eu aprendi a gemer,
a ser silenciosa,
a gozar singularmente,
a dar prazer,
a recebê-lo.
E, como num convite,
minha mão já desce sozinha pelo corpo,
e me faz delirar comigo só.
Enquanto escrevo,
num súbito desejo,
começo a imaginá-lo em minha cama,
o corpo nu,
o sorriso safado no rosto.
Imagino meu presente de aniversário:
o pau, entumescido,
esperando pela minha boca.
Hoje eu quero cinco vezes,
dez,
doze.
Hoje eu quero o arrepio,
o suspiro,
seu toque,
meu gozo,
nosso gemido,
por vezes o açoite,
e sempre o carinho.

Agora, querido, eu tenho 30.
Minha disposição é de 20,

meu tesão é infinito
e eu quero você!



Oração do gozo

 Ave maria!
Estou cheia de graça:
o gozo é conosco.
Benditas sejamos nós, as mulheres,
e bendito é o falo que percorre o ventre.
Ah, jesus!…

E num gemido alto,
oh my god!,
rogo eu e roga ele, pecadores,
agora e depois de mortos, cansados.
Amém.


Eu poderia.
Poderia escrever sobre a mulher
que me viu gozando dentro do carro
enquanto você estacionava e me tocava
[que loucura, ao mesmo tempo!].
Poderia falar sobre como entramos em casa,
tirando as roupas ainda no corredor,
com a respiração ofegante e os gemidos sussurrados
[quantas paredes encontramos no caminho
da porta até a cama?].
Poderia contar sobre as amarras
que você improvisou com meus echarpes
para me deixar imóvel
enquanto sua língua
passeava pelo meu grelo
e você enfiava a mão na minha buceta
[que latejou, só de lembrar].
Poderia, ainda, dizer que nunca dei tanto o cu,
como aquele dia, no banheiro
[surpreendentemente, você gozou na minha boca].
Mas, sinceramente,
existem coisas que ficam melhor
quando guardadas
na memória.


Ele montou na minha cara.
Foi num pulo:
acordamos, já pelados,
e ele montou na minha cara.
Com habilidade, enfiou o cacete na minha boca
penetrando ali como numa boceta.
Em certo tempo, segurou o pinto
e, com força, bateu na minha língua,
que já estava para fora,
esperando ansiosamente por porra.
Metia, enfiava,
tirava, batia,
metia, até a garganta,
tirava, me batia.
O cacete num ritmo frenético,
latejando, pulsando,
duro!
Ele gemeu, a respiração estava ofegante,
enfiou com força até o fundo da garganta
e gozou.
Primeira porra do dia,
muita porra,
tanta porra,
que me matou a fome
– ou me encheu dela.


Dia dos namorados.
Nós passamos bem por essa data.
Eu, sem calcinha,
ele, cheio de desejo.
Não me lembro onde iríamos,
mas a calçada estava escura.
Enquanto uma mão me empurrou para o muro,
a outra subiu meu vestido,
indo de encontro ao grelo (a essa altura,
já latejando de tesão).
Seus dedos se moviam com força,
rápidos, precisos;
os lábios tocavam os meus,
calmos, incisivos.
Pediam-me para gozar ali, a céu aberto,
e como resistir?
Ao primeiro sinal da buceta,
emaranhei-me nos seus cabelos,
e num gemido baixo, sufocado,
deixei-me levar pelo êxtase,
enquanto escorria por entre as pernas
o líquido sagrado do prazer.


Meus seios doem.
Certamente é consequência da noite passada.
Ele mordeu minhas costas,

apertou o seio com força e tesão,
Mordeu outra vez.
As mordidas dele me faziam respirar ofegantemente.
Eu gemia!
Me virei para ele e nos beijamos com uma intensidade animal.
Os dentes beijavam os lábios,
O pau endurecia na minha mão,
Enquanto a punheta insistia em pedir gozo, gozo…!
Gozo!
Ele segurou meus braços,
Me prendeu na cama,
Me fez gato, sapato, objeto.
Eu deixei. Eu queria!
Meteu em mim enquanto olhava meus olhos.
Meteu com gosto, meteu com vontade.
“Mete!
Mete!”
O sorriso dele mostrou toda intenção:
“Goza, gostosa!”
Eu gozei!
Gozei o corpo,
Gozei a alma.
O que ele faz comigo, por deus.
Nos deixamos: fumaríamos. Justo.


[Cu]
Era um estudo infindável
Um campo, um caso,
O corpo, acaso;
Seu queixo, pescoço,
O peito, o osso [latejo];
Descendo, te lendo,
Beijando, comendo [me come!],
Lambendo,
Enfiando [dois dedos],
Soltando,
Prendendo,
Entrando,
Saindo [cacete!],
Gemendo,
Gritando [gozando, caralho!]!
Essa foi a minha vez
De descobrir cada pedaço teu;
E, acerca de tantos pelos e peles,
A minha Linguística de Corpus
É o resultado que minha língua
Encontra em você.


Estava vendo,
ele realmente é gostoso.
Todas as coisas que você me disse
sobre ver outra pessoa,
nenhuma delas fez sentido.
Alto, inteligente,
gosta das mesmas músicas que eu.
Permita-me sentir tesão
naquele que você descartou, por favor.
Eu o daria, sinceramente e com respeito,
cada pedaço do meu corpo.
Daria a boca, num beijo molhado
Daria a pele, num carinho encravado
Daria a buceta, num sexo alucinado
Daria o cu, num silêncio desbocado.
E qual seria, de verdade, o sentido de tanto “ado”
se não todos
que combinassem com “dado”?


Ele apertou minha bunda
Eu me assustei, mas me virei com um sorriso
Quando reconheci a mão
Que me tocava.
O beijo me deixou molhada;
Certamente borrou meu batom vermelho
E minha calcinha,
Que insistia em dizer que estava com vontade.
Ansiei para que sua mão descesse pelo meu corpo
Pescoço,
Seios,
Barriga,
Buceta…
Meu grelo latejou,
O cu piscou,
A boca salivou,
Mas nada passou do beijo
Naquele momento.


as roupas espalhadas pelo tapete
eram consequência da meia garrafa de vinho
que repousava ao lado do sofá;
ele estava espalhado pelo chão,
consequência de uma montada no cacete;
enquanto a buceta insistia em abocanhar o pinto,
subindo e descendo ao ritmo de Rammstein,
pesado, forte, lento e intenso,
suas mãos se esforçavam para manter
meus seios em sua boca;
a pele branca o excitava,
o frenesi não foi contido
e o registro de seus dedos marcou-me a bunda;
com os corpos suados, beijamo-nos freneticamente,
as mãos me apertando
enquanto o cacete latejava de tesão;
eu pingava,
escorria,
gemia,
ofegava,
me perdia,
me encontrava;
e o que era tesão
num súbito suspiro
consolidou-se em porra.


uma mordida no bico do seio
e senti em cada parte do meu corpo o arrepio;
os pelos saltaram-se à pele,
fazendo-me suspirar lentamente;
meus gemidos deram a vez
a uma linguagem chula;
a mão escorregou com vagareza,
deixando o clitóris um êxtase profundo;
ele deixou de ser carne:
passou a entidade divina
e eu rezei para que não acabasse ali;
a boca permanecia em meu seio,
a língua passeando por todo ele,
mas eram as mordidas que me atiçavam…
cá, num movimento forte (e lento demais para ser real),
fez de mim o puro gozo
e levou-me ao céu e ao inferno
em uma única viagem.


(Deitada na cama
Pernas abertas,
levemente flexionadas,
suas mãos apertando meus seios,
o pau invadindo minha buceta,
num movimento rápido,
me dissipando os pensamentos,
num misto de delírio, mágica, tesão:)
– Aaah, goza, gostosa!
Cachorra, puta…
minha vadia!
Goza gostoso no meu cacete…
Que delícia de buceta!
(Minhas pernas começam a tremer.
Na mente, eu peço:
“Manda! Me manda gozar, seu filho da puta!”
O cacete está latejando
nas paredes da xana.
Sinto-lhe arrancar meus bicos,
enquanto geme mais forte.)
– Goza, vadia!
– Mete! METE MAIS FORTE!
EU VOU… GOZAAAAAAAaaaaaaaahhhhhh


“Quero te dar o cu”
“Então vai na frente”
Eu fui. Cheguei primeiro.
Ele entrou no quarto.
Tirou minha roupa
Como se eu não estivesse vestida.
Me colocou de quatro.
“Gimme more”,
Ele sempre entendeu.
Enfiou um dedo,
Garantia de que o pau entraria.
Enfiou dois.
Ok, concordo.
Esfregou o cacete na minha bunda.
“Caralho, me come!!”
Devagar, enfiou o pinto.
Cabeça,
Metade,
Talo.
Senti um tapa na bunda.
Aaaaaahhhhh
Ele estava devagar.
NÃO! EU QUERO MAIS!
MAIS RÁPIDO
MAIS FORTE
COME MEU CU!
Ele apressou a metida.
“Gostosa!”
O gozo estava – quase – insuportável.
Ele metia com vontade.
Com consentimento.
Uma mão no meu grelo,
Um tapa na bunda,
Um gemido fodido
E fodida estava eu.


Estávamos descansando.
Ele havia me comido de quatro.
Tenho certeza de que adora.
“Gimme more”,
Ele atendia.
Deitados de conchinha,
Ouço seu surrurro:
“Senta na minha cara!”
Não me faço de desentendida
E sento com a buceta
Em sua boca.
Primeiro a língua, de leve
Texturiza meu grelo
Numa lambida forte.
Depois os lábios
Beijam os lábios da xana
Num beijo de língua.
Os dentes se envolvem
Na pele lisa.
E ele quase declama um poema
Me pedindo freneticamente
“Goza na minha boca, sua puta!”
É um sexo doentio.
Por vezes, animal.
A intensidade com que me chupa
Arrancando meu grelo
E minha alma.
Eu gozo.
Ele me enfia a língua
E toma aquele gozo.
Me sinto limpa.
Que boca gostosa!
Bate na minha perna,
Um aviso para sair de cima.
Limpa a barba
Enquanto me deito ao seu lado.
Satisfeitos,
Enfim poderemos dormir.


Eles estavam na varanda.
Maldito lugar.
Eu estava sedenta,
Corpo estava quente.
Beijar duas bocas,
Tocar duas genitálias,
Sentir quatro mãos.
Êxtase em dobro,
Ou fogo de palha?



Intumescimento.

Meu clitóris sentiu
Aquele beijo.
Não era uma língua,
Não era um cachorro
Sedento por água.
Ele não lambia,
Ele me chupava.
Sua boca me causava
Pressão.
Senti o grelo soltar-se
Da pele.
Ele me sugava,
Me endurecia,
Amolecia.
Eu precisava fumar.
O cigarro vinha
Em minha mente:
Comprido, 
Ponta vermelha,
O fogo,
Levado à boca.
Uma espécie de troca,
De trago.
Trabalho,
Dobrado.
Um 69 doentio,
Pernas tremendo,
Dedos na buceta,
Lábios no grelo,
Força
Pulsão
Desejo
Gemido
“Mais rápido!”
“Mais rápido!”
“Mais rápido!”
E ele bebe do meu mel
Me dando o benefício
De gozar em sua boca.



Ele leu meu poema.

Ele disse: caralho!
Ele me viu hoje.
Aquela varanda,
Certamente ela tem história.
Não bastou
Uma siririca.
Ele abaixou as calças.
Me pegou pelos cabelos.
Ele leu o meu poema.
Meteu o cacete na minha boca.
Cacete, que saudade!
Entrava,
Saía,
Entrava,
Saía.
Entrava,
Saía.
O pau latejava,
Minha língua sentia.
Eu estava molhada.
Entrava,
Saía.
Ele fechou os olhos.
Cacete inchou.
Porra, ele gozou.
Eu senti a porra quente,
Ela estava na minha garganta.
Freud não entenderia,
Mas ele leu o meu poema.



Que saudade do seu pau na minha boca

“Que hora tá liberada para mim?”
Eu já estava liberada.
Completamente liberada.
Cada entrada,
cada entranha.
Eu sorria,
disfarçadamente liberada,
na tentativa de conter
o boquete
que se passava
em minha mente liberada.
Certamente eu o meteria
em minha boca,
sentiria em minha garganta,
engasgaria.
Pediria para me
segurar pelos cabelos.
Enfiar o cacete goela
abaixo:
Entrando
Saindo
Entrando
Saindo
Entran…
CARALHO!
Gozo misturado
com saliva,
quente.
Boca molhada,
buceta escorrendo.
Eu já estava liberada.


Ele estava excitado.
Me mandava mensagens tesudas.
“Quero te foder”
“Vou te amarrar”
“Te bater, te chupar”
Um punhado de palavras,
Só uma sensação.
A buceta escorria
Eu estava delirando.
Eu quero me tocar,
Deixo a mão escorregar pelo corpo
E tocar o grelo com calma.
“Fala mais…”
“Quero sentir sua boceta molhada
Na minha língua”
Eu apresso o toque.
Sentada na varanda,
Cigarro aceso,
Calcinha de lado,
Grelo latejando,
Desejo de
Aaaaahhhhh…


Minhas pernas estavam bambas
E eu permanecia de quatro
Ele estava ajoelhado
Seu corpo ainda encostava no meu
Senti sua mão me tocar
Puta que pariu,
Eu ainda estava sensível.
O gozo molhava minha buceta.
Ele insistia em me tocar.
“Está sensível”.
Ele insistia em me tocar.
“Eu vou gozar outra vez”.
Ele insistia em me tocar.
As borboletas voltaram
As pernas tremeram
Não foi necessário muito esforço.
E sem muita coesão
Sem um pingo de coerência
Sem verbos auxiliares que completassem
Naquele poema sem estrutura
Eu me transformei num adjetivo
GOZADA outra vez.



“Gostosa”

“Goza, goza para mim”
“Safada”
“Eu adoro te ver gozando”
Eu ali, sem militância,
Ouvindo os sussurros tesudos.
As pernas abertas, sentindo seu toque
Tão leve, agressivamente delicioso.
A outra mão segurando meus cabelos
Puxava minha cabeça para as nuvens
As pernas tremiam
O corpo curvava
Sexo silencioso – não estávamos sozinhos.
As borboletas no estômago
“Não para!”
A mão me tocando
“Não para!”
As pernas tremendo
“Continua!”
O corpo curvando
(Tampo a boca)
O gemido silenciado
(Mordo os lábios)
“Não para!”
Aaaaahhhh!…



Entre ir ou não.

“Vai me deixar ir embora?”
Eu não o estava segurando,
eram os corpos que não se soltavam.
As bocas encostavam sem pedir permissão.
Um cheiro de – quase – saudade (do que ainda não tinha ido embora).
As mãos quentes acariciavam minhas costas,
E brotava fogo onde não deveria.
Ele me mantinha arrepiada, tesuda, molhada,
Enquanto me escrevia poesias na mente
Com o cheiro que ficou depois do banho.


Eu me arrumei.
Passei meu batom vermelho,
Na intenção de tê-lo manchado
Como indicava aquela história.
Eu me vesti,
Na intenção de me ver despida
Como estava escrito.
O cabelo estava penteado,
Porque lá dizia que iria bagunçar.
Cigarro estava na bolsa.
Vai que dá certo de tornar neblina
O ambiente vermelho-sangue
Que imaginamos…
Tudo é conto,
Tudo é cenário,
Tudo é imaginação.
Ainda assim, não custa perguntar:
Por que não?

“She’s crazy”, dizia o blues.
Minhas mãos em seu peito,
rosto jogado para cima, olhando o teto pálido,
seguido de um gemido loucamente fodido.
As mãos vagando pelo meu rosto,
limitando os dedos à minha boca.
Ali jazia minha respiração,
onde só saiam relâmpagos de tesão.
Mãos, nádegas, conduzindo o torpor ao ritmo do piano.
“Aaahhh”, outra… e outra vez…
“And it’s more than I can stand
I’m just crazy about that woman
And she’s just crazy ‘bout this man”, cantava JT
embalando cada suspiro.
O suor escorrendo,
a sensação ofegante,
os trechos de cada verso perpassando o calor dos corpos.
Mais gemidos.
Gozo.
O Marlboro vermelho exacerbadamente louco.
A fumaça alucinada.
Enfim, a respiração.


Transei.
Transei a noite toda, transei pela manhã.
E uso o verbo rasgado,
mesmo que tenha sido com carinho.
Uso com empoderamento.
Foi com vontade, com tesão.
Foi mágico. Um pouco sintonia,
outro tanto simbiose. Amálgama.
Transei e foi incrível.
Com alguém que soube trespassar
cada sentimento e delimitar
cada espaço.
Transei.
Dei meu corpo.
Reciprocidade!
Me dei.
Não foi doação, foi esculachado.
Dado.
E ficou a sensação
Do poder
Da cavalgada
Do gozo.
Da memória.
De mim.